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Londrina caminha para uma mobilidade sustentável
Londrina caminha para uma mobilidade sustentável
28/01/2022

 

Imagem Gustavo Carneiro

Pedestre deve estar no centro das discussões sobre projetos urbanos; Calçadão e Bosque Central são exemplos de caminhabilidade

 

A caminhada é o modo mais democrático de se locomover, a condição natural de todos nós que somos, antes de tudo, pedestres. Como a cidade trata os seus pedestres reflete diretamente na qualidade de vida, na sensação de segurança e no futuro da mobilidade urbana que tem proposto uma inversão de rota, buscando oferecer novas ferramentas para que os cidadãos redescubram a importância de ocupar, com as próprias pernas, o espaço urbano. 

O Calçadão é o maior símbolo da caminhabilidade em Londrina e não apenas pela importância na economia, é quase um bem cultural. A avenida Paraná, já na década de 1930, era o lugar do “footing”, termo pomposo em inglês para as caminhadas de paquera dos moços e moças na época. Vanguardista, como quase sempre, Londrina acompanhou a moda que varreu o Brasil na década de 1970 e foi a segunda cidade brasileira (a primeira foi Curitiba) a inaugurar um calçadão. Foi em 1977 nos 43 anos da Cidade, com um projeto assinado por Jaime Lerner.

Acessibilidade

Transformar ruas em áreas exclusivas para a circulação de pessoas é apenas uma das ferramentas de planejamento e políticas urbanas. “O Calçadão é um desses instrumentos de vitalidade urbana, capaz de atrair pessoas heterogêneas e com diferentes tipos de atividades ao longo dos horários, Além de facilitar o acesso e valorizar o comércio e mercado imobiliário, é um ponto de encontro de pessoas, tem instalação de serviços de lazer, cultura e gastronomia", detalha  Elisangela Theodoro, arquiteta, urbanista e coordenadora da câmara técnica de arquitetura do Ceal (Clube de Engenharia e Arquitetura de Londrina).

Na opinião da arquiteta, a localização também favorece locomoção dentro de Londrina.  “O Calçadão redesenhou a geometria das vias existentes a favor da acessibilidade e segurança viária, fez com que fossem redescobertos potenciais atalhos para o caminhar com passagens e escadarias que são primordiais para garantir que usuários possam optar por diferentes maneiras de se locomover”, analisa.

DEVOLVER OS ESPAÇOS PÚBLICOS

As discussões acerca da mobilidade urbana ainda acontecem dentro de um cenário no qual os automóveis orientam o desenho de cidades, bairros e edifícios, de acordo com Theodoro. “É importante tornar as cidades mais transitáveis para os pedestres, com ações de restrição ao uso do automóvel, principalmente em áreas centrais e históricas. É uma forma de devolver os espaços públicos aos pedestres e melhorar a qualidade de vida além de reduzir as emissões de carbono e de poluentes”, afirma.

E isso vale para todo tamanho de Londrina. “Desenvolver projetos urbanos que atendam as expectativas dos cidadãos em áreas comerciais centrais não é tarefa fácil. É preciso discutir e apresentar propostas que agreguem valor à qualidade de vida urbana com um olhar multidisciplinar, a partir do diálogo com a comunidade, aproximando o urbanismo ao conceito de caminhabilidade e que atenda aos fluxos sazonais de pedestres da região com conforto e qualidade”, comenta. “Os problemas de mobilidade urbana focam principalmente nos transportes, mas é preciso planejar e prever a infraestrutura e integração de todos os outros modais, encorajando as pessoas a combinarem a caminhada, bicicleta, transporte público e automóveis ao longo de todo o trajeto”, continua Theodoro.

Para incentivar isso, ela aposta numa infraestrutura adequada, como bicicletários e vestiários nos espaços de trabalho e pontos de ônibus com informações sobre linhas e horários, bancos para descanso, informação para pedestres com sugestões de rotas e identificação de pontos de atração e uma iluminação orientada ao passeio noturno nas calçadas. “Uma cidade mais caminhável, inclusiva, saudável, democrática, eficiente e ambientalmente responsável”, completa.

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