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Uma semana emblemática para o futuro da infraestrutura no país
Uma semana emblemática para o futuro da infraestrutura no país
07/04/2021

Em artigo publicado no site Poder 360, o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, destaca os leilões de concessões de aeroportos, ferrovia e portos previstos para os próximos três dias

Ministério da Infraestrutura programou para está semana três dias seguidos de leilões de concessões na Bolsa de Valores de São Paulo. Serão licitados 22 aeroportos, um trecho ferroviário e cinco terminais portuários – um lote tão grande e relevante que os especialistas apelidaram esta semana de “Infra Week”.

Será, de fato, um importante termômetro do que teremos daqui para a frente na área de infraestrutura no Brasil. Se, de um lado, temos o cenário obscurecido pelo terrível flagelo da Covid-19 e pela lenta retomada da economia depois da recessão, de outro, existe a confiança dos investidores nos contratos por 30 anos e num ritmo mais forte da atividade econômica no cenário pós-pandemia. 

Aliados a um ambiente econômico com juros baixos, câmbio desvalorizado e inflação controlada, os investimentos em infraestrutura, por meio de concessões, geram significativos impactos positivos na competitividade da indústria e no desenvolvimento econômico.

Empreendimentos da iniciativa privada são o principal caminho para reverter o elevado déficit em infraestrutura que temos hoje no país. No setor de transportes, por exemplo, os investimentos federais vêm caindo desde 2010. Em 2020, o total gasto pelo governo foi de apenas R$ 9 bilhões.

A título de comparação, somente o valor da outorga mínima do leilão de privatização da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), estipulado em R$ 10 bilhões, será maior que todo o investimento da União em transportes no ano passado.

O leilão, que está previsto para 30 de abril, ainda prevê investimentos de R$ 31 bilhões em saneamento nos municípios do Rio de Janeiro ao longo do período de concessão, sendo 40% desse valor nos primeiros 12 anos de contrato.

Em uma realidade de intensa restrição fiscal, é essencial se contrapor às limitações do Estado com uma maior participação da iniciativa privada, tanto nos investimentos como na gestão da infraestrutura. Nesse contexto, o processo de concessões se impõe como um instrumento decisivo para a modernização da infraestrutura, com a transferência de empresas e ativos estatais para o setor privado, de modo a serem operados sob uma nova governança, mais ágil, econômica e eficiente.

Leilões de aeroportos, ferrovia e portos

Nesta quarta-feira (07/04), deverão ser leiloados 22 aeroportos, agrupados em três blocos regionais (Sul, Norte e Central). Cada bloco possui um aeroporto âncora sediado em cidades de maior demanda para viabilizar a aquisição dos terminais de menor movimentação. Os aeroportos âncoras serão os de Curitiba, Manaus e Goiânia.

Atualmente, a iniciativa privada já opera 22 aeroportos, que respondem por 66% da movimentação total de passageiros no país. Com o leilão dos novos blocos, essa parcela deve subir para quase 80%. Ainda teremos Congonhas e Santos Dumont para serem licitados em 2022. 

Na quinta-feira (08/04), haverá o leilão do primeiro trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL), de 537 km, de Ilhéus até Caetité, na Bahia. O projeto divide a construção em 3 grandes trechos que, no futuro, vão se conectar à Ferrovia Norte-Sul, espinha dorsal do sistema ferroviário brasileiro.

Quando estiver concluída, a FIOL dará mais uma opção portuária, via terminal de Ilhéus, para o escoamento de cargas da Ferrovia Norte-Sul, que hoje só conta com os portos de Santos (SP) e São Luís (MA). No futuro, também se unirá a outros projetos, como a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (FICO), que ligará a Norte-Sul com Água Boa (MT). Está em curso uma revolução silenciosa em nosso sistema ferroviário.

Na sexta-feira (09/04), a semana fecha com os leilões de arrendamento de cinco terminais portuários, quatro no porto de Itaqui (MA) e um no de Pelotas (RS). No setor portuário, as administrações públicas (Cias. Docas) têm baixa capacidade gerencial e grandes passivos trabalhistas, o que dificulta as transformações necessárias para elevar a eficiência dos portos públicos a padrões internacionais, especialmente no que se refere às obras de dragagem. 

Apesar do avanço institucional com a aprovação da nova Lei dos Portos (Lei nº 12.815/13), a concessão das administrações dos 36 portos públicos ainda não andou. Porém, o governo confirmou o interesse em viabilizar a transferência ao setor privado, a começar pela Cia. Docas do Espírito Santo (Codesa), mais perto do fim do ano.

É preciso acelerar o processo, inclusive com a adoção de modelos de desestatização específicos à complexidade e ao tamanho de cada Cia. Docas. Atualmente, o Brasil tem mais de 400 terminais e áreas portuárias exploradas pela iniciativa privada, mas as administrações dos portos permanecem como entes públicos, com problemas inerentes às empresas estatais.

Concessão de rodovias, 5G e Eletrobras

Ainda em 2021, teremos a concessão de mais cinco trechos rodoviários federais. Nessa área, merecem destaque alguns com altos níveis de acidentes e de tráfego, como a BR 381/262 (MG/ES) e a BR 163/230 (MT/PA). O Brasil conta com 10,6 mil km de rodovias federais exploradas pelo setor privado (apenas 18% da malha federal pavimentada).

A ampliação do programa de concessões é essencial para melhorar a qualidade das vias, reduzir o custo logístico e os elevados níveis de acidentes nas estradas. Somos um país rodoviário, com 24% da malha federal pavimentada em estado ruim ou péssimo, situação que deve piorar com a indisponibilidade de recursos públicos para investir.

Fora do setor de transportes, ganha importância o leilão do 5G que, de acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), será o maior certame de direito de uso de radiofrequência realizado no país, proporcionando uma internet mais confiável e até 20 vezes mais rápida do que a atual.

Por fim, o Congresso Nacional precisa aprovar a Medida Provisória nº 1.031/2021, que permite a desestatização da Eletrobras, a maior holding do setor elétrico da América Latina e uma das cinco maiores geradoras hidrelétricas do mundo em capacidade instalada. 

Todas essas iniciativas são imprescindíveis para impulsionar a infraestrutura e proporcionar um novo ciclo de crescimento econômico no país. Como são projetos que utilizam mão de obra intensiva, ajudarão a reduzir outra grande chaga nacional, que é o alto índice de desemprego.

A solução dos atuais obstáculos da economia brasileira passa, sem dúvida, pelo aumento da participação da iniciativa privada nos investimentos, na gestão e na operação dos setores de infraestrutura. O aprofundamento das concessões é, portanto, uma medida essencial para o desenvolvimento do Brasil.

Fonte: CNI

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