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Ecossistema de inovação impulsiona o Norte Pioneiro
Ecossistema de inovação impulsiona o Norte Pioneiro
04/04/2022

“A gente achou que ia ter que criar um produto novo no mercado que ninguém nunca tinha visto. Mas vamos entendendo que às vezes é só melhorar aquilo que já tem”. É com essas palavras que Josmar Bagatin, sócio proprietário da Soeto Alimentos, conta como sua ideia sobre inovar mudou depois do contato com o ecossistema de inovação do norte pioneiro. A iniciativa ganhou uma premiação nacional no começo de março deste ano.

Na biologia, o ecossistema é um meio em que há o equilíbrio e a cooperação dos seres vivos, de forma que todos tenham a sua sobrevivência assegurada. O nome é emprestado para a economia justamente porque o propósito dessa iniciativa é que exista uma rede de fomento e apoio, chamada de governança.

Governança

“Tem a universidade, o empresário, o governo, as entidades que movimentam o sistema S”, explica Angélica Cristina Cordeiro Moreira, presidente da ASRINP (Associação do Sistema Regional de Inovação do Norte Pioneiro), enumerando algumas entidades que integram essa rede. “O maior legado do nosso ecossistema é a formação dessa governança. Até então, todos trabalhavam, mas de forma isolada. Aí não conseguíamos avançar, principalmente no quesito da inovação”, arremata.

André Luis Andrade Menolli, diretor da agência de inovação tecnológica e propriedade intelectual da UENP (Universidade Estadual do Norte do Paraná), desmistifica a ideia de inovação: “é conseguir transformar uma pesquisa em algo que traga vantagem monetária ou financeira”. Para ele, o norte pioneiro é uma região com vocação para o agronegócio e para o setor de alimentos, mas que ainda necessita de novas ideias para diferenciar seus produtos.

Papel da universidade

“A região sempre formou muitos profissionais, mas que muitas vezes vão trabalhar em outras áreas mais ricas”, aponta Menolli. A respeito do papel da universidade no ecossistema, afirma que “a inovação, o SRI, permitem que a UENP foque na geração de mão-de-obra não apenas para grandes centros, mas também para transformar a região, criando empresas de base tecnológica”.

Essa ideia é ratificada pelo consultor do Sebrae Odemir Capello. “Quando propus, em 2016, um projeto do Sebrae com o SRI, era para reduzir alguns indicadores regionais negativos, como, por exemplo, da evasão de jovens para grandes centros, a população envelhecendo, PIB baixo”, comenta.

Na prática

Como exemplo prático de como a inovação pode ser feita, Bagatin dá detalhes das mudanças nos seus produtos. Por meio dos contatos com o ecossistema, o empresário percebeu que, para melhorar as vendas, teria que tornar o produto mais atraente para o consumidor. Como ele atendia mais estabelecimentos, produzindo molhos para lanches, “a marca ficava escondida na cozinha, na câmara fria”, sem visibilidade.

Como conta o empresário, quando o produto começou a ir para as gôndolas e mesas, ele começou a investir em novos sabores e embalagens. Hoje, por exemplo, há cinco sabores diferentes do tradicional molho de pimenta antes fabricado. Embora nascida em 2000, foi só de 2018 para cá, adotando práticas de inovação, que a empresa passou a sustentar uma taxa de 80% de crescimento anual, distribuindo produtos em doze estados brasileiros.

Outro exemplo de iniciativa gerada dentro do ambiente de inovação do ecossistema é a Gestor Ideal, startup (nome dado a empresas novas que trabalham com inovação) que oferta soluções para pequenos empreendedores, com ferramentas digitais de controle de estoque, de caixa e vendas, por exemplo.

Pedro Domingues, um dos proprietários, conta que o negócio existe desde 2015, mas que o apoio do ecossistema foi fundamental, sobretudo na construção do olhar de como a empresa está interligada ao seu ambiente. “Um fundador de startup que não está relacionado com a comunidade, ou que não está pensando em dedicar um pouco de si para ela, não só está deixando de fazer a empresa dele crescer, como todas as outas também”, pontua.

Segundo Domingues, além da sua startup conseguir se consolidar no mercado, pode registrar um crescimento de 600% no último ano, tanto em termos de faturamento quanto de clientela.

Esperança no futuro

“Hoje somos um ecossistema em fase inicial, e há mais duas categorias – em desenvolvimento e consolidado. Eu espero que daqui dez anos possamos estar em um ecossistema consolidado”, conta Capello.

Para o consultor, que avalia de forma positiva os progressos no norte pioneiro, o principal objetivo é que o ecossistema traga uma perspectiva de mudança: “que a vida das pessoas possa ser melhor. Eu espero que possa existir um ambiente bastante diferente do que há hoje, trabalhando as potencialidades que nós temos e gerando oportunidades”.

Fonte: Folha de Londrina

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